Ser líder não é ser chefe. Ser chefe remete a ter poder. Poder não garante engajamento. O verdadeiro chefe como, já defendi, é o objetivo. Afinal, é ele que orienta as decisões e guia nossas atitudes.
Contudo, espera-se que quem está com o poder, o mandato formal da organização, seja um líder. Lidere as pessoas no alcance dos resultados desejados.
Na edição de Maio de 2017 da HBR Brasil, a matéria de capa reflete um estudo de grande valor nessa agenda de lideranças. O artigo apresenta quatro atitudes que diferenciam os melhores CEOs[i]:
- Decidir com rapidez e convicção
Um líder assume a decisão. Não hesita. Isso o diferencia. Na hora que é necessário, ele toma a decisão e assume o risco. E precisa fazer isso com convicção.
Muitos líderes têm grande capacidade intelectual, mas isso pode gerar incerteza, afinal pessoas inteligentes sabem que no mundo de negócios estamos lidando com probabilidades, com ambientes complexos, não há certeza. São escolhas. Não escolher, é se omitir, e isso representa a morte da estratégia.
A atitude aqui é saber a hora de fazer perguntas e buscar a melhor resposta possível, e atuar. Feito é melhor que perfeito. É necessário se cercar da melhor informação disponível e agir com convicção. #coragem (não bravata)
- Conquistar apoio
Para além de agir, é necessário fazer a ação em ambiente com devido apoio. Engajar as pessoas para a ação. Isso envolve mobilizar a equipe e saber comunicar e conquistar o patrocínio dos acionistas.
O ponto fundamental é ter legitimidade, saber construir. Ter escuta ativa é importante. Não é criar um ambiente democrático, afinal, a decisão no limite é do líder. Mas os liderados precisam sentir-se parte do processo. Os investidores precisam acreditar na solução e no caminho.
- Ter capacidade de adaptação
A incerteza é a única certeza. Frase bonita, realidade complicada. Líderes erram. A grande questão ao saber fazer escolhas é entender o risco (evitando posições que possam aniquilar a organização). Uma vez as escolhas feitas, é necessário ter capacidade de se adaptar e reagir às adversidades naturais. Lidar com a pluralidade de situações e temas (principalmente em se tratando de grandes organizações).
Adaptação é uma palavra chave na nova economia[ii]. Saber errar inclusive é reforçado com a ideia do estudo de Jim Collins no livro Vencedoras por Opção de “primeiro bala de revólver, depois bala de canhão” – o ambiente de teste que evita desperdício de pólvora.
A celebração aqui é da mentalidade de crescimento: um modelo mental necessário.
- Transmitir confiança
Coragem para decidir com legitimidade junto à equipe, e capacidade de adaptar diante da jornada em curso. Para isso é necessário transmitir confiança, segurança quanto ao que se está propondo. Nesse quesito estamos falando da importância de alinhar expectativa, saber ter clareza em transmitir inclusive os erros.
Reflete os pilares de planejamento e controle. Não basta ter resultados, eles precisam estar bem amparados nas ações e escolhas assumidas. Caso contrário não se gera confiança na capacidade do líder. Uma equipe forte é ponto fundamental para diferenciar líderes, pois é essa equipe derivada, não de aspectos como lealdade, mas sim como capacidade de entrega, que irá garantir o ambiente de transmitir segurança (é a retaguarda do líder). Líder não tem medo de talentos, ao contrário, cultiva.
- Abraçar o conhecimento
A última atitude não é do estudo, é uma defesa minha. Líderes devem abraçar o conhecimento. Ler e aprender. Um líder que desdenha a leitura, desdenha o conhecimento, e se limita. Perde uma preciosa fonte de inspiração, inovação e reflexão.
Contudo, felizmente entendo que o estudo não apontou essa questão como diferencial por um motivo simples: todos os CEOs analisados devem apresentar esse perfil. Portanto, não é um diferencial. Parece mais ser um requisito para chegar nesse grupo seleto de nível de hierarquia.
Inserir essa questão como o quinto elemento é importante para defender o estudo apresentado: se trata de pesquisa séria. Organiza com metodologia base de comparação que garante maior confiança no resultado. Não se trata, portanto, de quatro coisas que acho legal e vamos aqui divulgar. É conhecimento de qualidade para ser aplicado. Não é uma questão de fé. São atitudes a serem desenvolvidas e aprimoradas, e o conhecimento de qualidade ajudará os líderes comprometidos com suas jornadas.
[i] Não acessei o estudo completo. Aceito indicações adicionais. Não transcrevi o artigo na íntegra também, apenas fiz provocações com base na ideia. Recomendo a leitura do artigo – clique para acessar artigo.
[ii] Uma boa dica de leitura sobre esse tema é o livro Adapt