Feito é melhor do que perfeito

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Feito é melhor que perfeito

Dos lemas práticos que uso atualmente, o “feito é melhor do que perfeito” vem ganhando destaque. Algo muito aderente à ideia de “planejação”, um planejamento com viés de ação. Uma valorização mais para entregar do que ficar esperando e postergando a entrega.

A base desse conceito é promover ciclos curtos de aprendizagem e feedback. Por mais que seja possível amadurecer ideias no campo do planejamento e evitar grandes desperdícios eliminando alguns caminhos ruins, é no campo da ação e das entregas que temos uma resposta real. O desafio, portanto, não é abrir mão do planejamento, mas usá-lo como parte efetiva da própria execução. Ele não pode ser uma desculpa para atrasos: “estar planejando”.

Explico melhor isso, tentando defender a ideia de quem está no dia a dia de gestão de várias entregas envolvendo diversas pessoas:

  • Nossa capacidade de conhecer tudo e prever o futuro é baixa. Temos de abraçar o “não sei” e entender que o mundo real pode nos dar respostas bem distintas do esperado – o teste é bem-vindo (para ver mais dessa defesa clique aqui e veja uma reflexão sobre o assunto[i]);
  • As mudanças são cada vez maiores: novas tecnologias, novos comportamentos, novas demandas. Isso reforça o argumento acima e envolve a necessidade de um ciclo ágil de retroalimentação entre plano e a ação;
  • Infelizmente, as pessoas tendem a dizer “não tenho tempo”. Culpam o tempo e não a  ausência de priorização. Acabam, assim deixando de entregar, e usam o pretexto de “estou pensando/planejando” para justificar a não entrega.

O feito é melhor que perfeito se torna, portanto, um lema para que as pessoas entreguem mais. Afinal, o perfeito é um objetivo maior: a agenda de excelência. Queremos e devemos abraçar essa agenda. Mas é um objetivo que nunca se alcança pois sempre podemos fazer melhor. Temos de ter a obsessão por fazer melhor, mas note que o melhor é precedido do fazer. Logo, faça! Entregue!

Isso vale para nossas vidas em todos seus aspectos. Priorize e entregue, a vida é um monte de listas que precisamos entregar. Definir o que é prioridade são nossas escolhas. Entregar é a parte que faz o mundo girar.

Para priorizar, é necessário sim planejar: o que vem antes? Por que vou escolher esse ou aquele item como prioridade? Planejar é um exercício de estratégia, escolhas estratégicas. Importante destacar que a não priorização acaba sendo uma escolha com efeitos ruins. Entendam bem, não somos robôs e isso é um grande trunfo: conseguimos ter decisões melhores ao entender o contexto. Mas precisamos agir, escolher, fazer indagações pautadas em reflexões, o que máquinas não fazem.

Por que os robôs nos substituem em tantas tarefas contemporâneas? Eles entregam. Uma vez que existem algoritmos disponíveis, as entregas automatizadas são imbatíveis. Assim, não brigue com isso: quando puder automatizar, abrace os “robôs”.

A boa notícia é que tem muita demanda ainda “não possível” ou com custo benefício ruim de implantar “robôs”. Assim, entenda que o ser humano também é capaz de fazer ótimas entregas. Centrar energia para entregar depois de decidido as prioridades. E viva o “feito é melhor que perfeito”!

Abrace então a “planejação”: ciclos de parar, pensar, planejar, e uma vez que priorizou – agir!

Quer ver como isso se aplica à sua vida?

Um estudante, tem que fazer sua monografia ou trabalho de final de curso. A parte da escolha envolve o tema do assunto a ser objeto do trabalho. Pensou um pouco sobre aderência do campo de estudo com suas paixões, vocações e sinergias com as áreas que atua: pronto, “planejação”. É botar mão na massa e acelerar a entrega. Por vezes, ao iniciar as entregas, pode se deparar com problemas e limitações: é o mundo real, os dados não são bons, o contexto para captar informação mudou, etc. Ciclo rápido. Errou, desperdiçou pouco e partiu para um novo tema. A entrega é necessária, acelera! Na medida que vai fazendo, vai melhorando. Revisões, novas versões, etc. Viu como a agenda da excelência é pano de fundo para o feito é melhor que perfeito.

Conheci muitos colegas que sofriam eternamente sobre qual assunto seguir e ficavam postergando e adiando colocar a mão na massa. E eis que isso, que ninguém achava que era ruim no período universitário, é levado para o campo profissional (e as pessoas continuam achando que os mundos são distintos, que a vida é compartimentada).

Um profissional de marketing, entra na empresa e precisa de introduzir agenda de como disparar e-mails para melhorar divulgação de novos produtos/serviços. E ai? O dilema é igual. Ter uma noção da empresa, do mercado, etc, é fundamental. Ninguém está defendendo a “fazeção” sem pensar. Isso é mortal. Contudo, diante de o mínimo de entendimento, é necessário avançar, testar, fazer pequenos disparos, entender o que converte e o que não converte. Não se pode esperar o perfeito: um mega plano já automatizado, com réguas de relacionamento, integração CRM, redes sociais, etc. O tempo é cruel para negócios, para startups ainda mais. A agenda de excelência é pano de fundo, chegar no mega automatizado com ótimas conversões é o objetivo. Mas começa pequeno, e a definição de pequeno vai variar de acordo com cada contexto.

Conseguiu visualizar que isso é muito mais recorrente e presente em nosso dia-a-dia?

Bem, abrace a ideia de “feito é melhor que perfeito”. Uma leitura bem legal que encoraja nesse sentido é o livro Pense Simples, do Gustavo Caetano. A experiência prática dele tem esse pano de fundo.

Precisamos, enquanto profissionais, abraçar isso. A agenda de empreendimento no Brasil precisa disso: afinal, empreender não é algo somente relacionado aos donos, é um sentimento de compromisso e entrega de qualquer bom profissioanal!

[i] Duas leituras sobre esse assunto: Pense como um Freak e Superprevisões

 

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