Escola do pensamento: saber questionar

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Escola do pensamento: saber questionar

Uma das perguntas que mais gosto de fazer no processo de seleção de pessoas é “Você já desafiou seu chefe?” Entendo que você também deve ter uma dupla interpretação e ficar na dúvida. Quem me conhece, sabe da minha defesa de que chefe é o objetivo. Assim, o caminho natural é adicionar após a cara de hesitação do candidato: “desafio no ponto de vista positivo”. Afinal, não sou a favor de enfrentamentos de vaidade. Briga boa é briga com fatos e dados, briga pelo cliente, briga em favor do objetivo.

Outra questão inerente a essa questão decorre da nossa cultura de não enfrentamento. Ou pelo menos não enfrentamento aberto. Acredito que a cultura de enfrentamento transparente é positiva. Não tem por objetivo diminuir ninguém, não tem como foco características pessoais. São discussões abertas em como podemos fazer melhor. Quais os caminhos e escolhas para se ter resultado.

Quem não enfrenta não muda. E uma forma de enfrentar é questionar. Mais do que isso, questionar é a base de evoluir: por que faço isso? Por que fazemos desse jeito? A base do aprendizado é saber formular a pergunta.

Um livro fantástico nessa linha de defesa é “Pense como um Freak”. Quem já conhece ou já leu outros livros desses autores sabe como sua abordagem é curiosa. Mas essa leitura é especial. Não pelos casos e curiosidade, mas pela sua proposta de ajudar a escola de pensamento. A defesa de entender que não sabemos tudo,  e de que pessoas comprometidas com resultados precisam atuar na forma de criar questionamentos.

Quem não questiona não aprende. Quem não aprende não evolui.

Uma das minhas formações é economista. O melhor da minha formação foi formular hipóteses e testar. O mundo acadêmico ensina bem isso (ou deveria). Transportar esse conhecimento e competência para o mundo gerencial é de grande valor.

Grande parte da minha passagem pelo setor público envolveu a agenda do M&A. No setor privado as pessoas associam isso a Fusões e Aquisições (sigla M&A em inglês para esse termo). No caso da minha atuação: Monitoramento & Avaliação. Qual a premissa desse esforço gigante no setor público? Criar agenda de mensurar para aprender.  A base do M&A é saber entender a pergunta, colocar hipóteses na mesa, buscar a causa raiz dos problemas, mensurar para aprender, aprender para entregar resultados e evoluir.

Nossa agenda de ineficiência é gigante. Desperdiçamos muito não somente no setor público, mas no setor privado também. As pessoas mensuram pouco e as pessoas se questionam pouco, logo pouco se aprende e pouco se evolui. Não à toa, a agenda das startups é em muito ancorada no aprendizado: é o caminho do sucesso (e discurso padrão em todos os programas de aceleração). O risco é parar de aprender na medida que se cresce.

A leitura é base para expandir nosso pensamento. A prática é uma escola fundamental para aprimorar essa habilidade. As pessoas leem pouco, os profissionais desafiam pouco seus chefes, seus objetivos.

Temos de desafiar sempre. Nos desafiar. Desafiar os resultados estabelecidos. Temos muito espaço para evoluir. E o caminho é pela escola do pensamento: saber questionar.

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