Motivação: a importância de entender para fazer.

A Nova Economia é fruto de novas relações derivadas dos avanços tecnológicas. Decorre da entrada das novas gerações no mercado de trabalho. Na essência de todo esse processo temos a ansiedade e a velocidade. Queremos tudo para já, para ontem.

Revi por acaso o filme Gênio Indomável, um “dinossauro” de 1997 para muitos jovens, que revela a vida de um jovem (interpretado por Matt Damon) com grande habilidade intelectual, mas com traumas (não vou me aventurar a tentar dar mais detalhes do quadro clínico), que apresenta uma falta de vivência (se esconde na vida dos livros, sem ter vivido as experiências) e que se vê diante da reflexão que mais o incomoda: ‘o que você quer?’, pergunta realizada pelo psicólogo que ganha seu respeito, vivido por Robin Williams.

A pergunta de motivação é central, pois o que você quer, define o que você faz!

O somatório das nossas ações define o que muda o mundo em última análise. Assim, volto minha presente reflexão para essa questão que é chave para a ação que se propõe a ser transformadora: saber o que se quer.

Podemos ver a ausência dessa motivação em muitos que fazem concurso público. O que motiva muitos a entrar no setor público não é a motivação pelo serviço e sim a busca por salário e por estabilidade. Da ausência dessa motivação temos a raiz de pouco compromisso com resultado, pouco propósito de transformação no engajamento de quem presta o serviço. Nasce daí a burocracia em seu sentido pejorativo: processos que se arrastam, problemas que não encontram soluções.

Essa ausência de motivação não é visível apenas no setor público, e exatamente por isso, não é somente serviço público que é ruim. Serviço privado também é ruim. Um grande diferencial na qualidade dos serviços, públicos ou privados, reside na existência de pessoas motivadas.

Uma forma muito simples de explicar meu raciocínio se apropria da figura abaixo[i], que mostra as dimensões da forma como se organizam instituições. Tal modelo aponta para um formato de dentro para fora, que seria o jeito de criar ambientes criativos e pessoas motivadas, mas que infelizmente se trata da exceção.

A maior parte dos líderes identifica primeiro o que deve ser feito, e foca só nisso. Alguns já avançaram e deram um passo para buscar a resposta do como fazer, e por trás dessa pergunta relativa a processos, várias empresas já se destacaram pelos seus ganhos de eficiência, economia de despesas e aumento de receita. Contudo, a pergunta do por quê fazer, é relegada a uma resposta posterior, buscando justificar o que já se faz.

O caminho precisa nascer pela motivação, para empresas que querem ter um diferencial por meio de seus funcionários mais criativos, mais dispostos e engajados, e para pessoas, que querem ser mais felizes e realizadas[ii]. Para se motivar, a justificativa da ação é preponderante, a razão deve prevalecer, e devemos saber o que nos move: propósito!

Enquanto indivíduos, precisamos de um lado saber o que queremos fazer. Isso remete ao nosso por quê, nossa motivação individual, ir ao centro da pergunta. Entendido isso, temos de casar nossa motivação com a das empresas em que estamos, que aceitamos e escolhemos estar.

Caso essa conciliação não exista, iremos nos arrastar para trabalhar, iremos ficar ranzinzas de tanto questionar, ou nos calar e ser coniventes.

Quando busco questionar e refletir sobre o papel do indivíduo, o faço, pois acredito que se cada um responder à pergunta que liberta o “Gênio Indomável”: por que você quer o que diz que quer? Buscar sua motivação em primeiro plano, os limites do possível se ampliam.

Pessoas que sabem o que querem, se identificam com o que fazem, buscam ser melhores e se profissionalizar, conseguem questionar os outros (sejam dentro ou fora de empresas) acerca do limite de ação de cada um e das decisões tomadas. Pessoas motivadas são pessoas empoderadas. Mudam o mundo pela sua atuação comprometida em entender o real objetivo do que se faz.

Empresas que entendem e atuam primeiro no “Por que?” Conseguem implantar suas inovações, emplacar novos produtos. Tudo por um motivo simples: os primeiros usuários, que serão seus promotores essenciais para disseminação, buscam e se engajam por motivação.

Precisamos construir uma sociedade melhor. A esperança reside na motivação!

 

[i] A figura não é invenção minha e fica uma referência que tive contato e que gerou a inspiração, apesar de também não ser a única referência dessa figura.

[ii] Aqui a menção do livro interessante sobre a geração Y, Plugged In,  que coloca a semântica da paixão pelo que se faz, ou seja a motivação como elemento central na busca do trabalho de modo equilibrado com os demais aspectos da carreira.

 

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