Modelo mental: uma musculação necessária

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Mindset

A leitura do livro Mindset faz com que passamos a ver o mundo com o olhar de pessoas com modelo mental fixo e modelo mental construtivo. Em síntese aqueles que veem o resultado como fruto do talento natural (dom) versus aqueles que entendem que existe sempre um aprendizado e o esforço é o caminho de performar. Não se trata de pessoas do bem ou do mal. A armadilha do modelo mental fixo não é uma escolha, é fruto do meio (como foi criado, seus pares, etc) e da ausência de querer mudar. Nosso modelo mental é um hábito que criamos, um exercício diário, continuo, uma musculação necessária do nosso pensamento.

Qual a motivação de estimular o modelo mental construtivo? Construir um mundo melhor! Ter profissionais mais preparados para lidar com as adversidades e mais engajados no processo de conhecimento e aprendizado. Evitar o risco de uma sociedade de modelo mental fixo que nos levaria a dogma, frustração e depressão. Acredito que o mundo precisa vibrar mais, e a vibração se inicia na menor partícula, no caso da sociedade, nos indivíduos!

Não vou me deter a falar mais de maneira superficial sobre o tema, a autora do livro o faz com propriedade. Mas cabe relacionar com outro autor também do rol de leituras obrigatórias: Peter Thiel, que faz a menção de empresas e profissionais que “tinham um grande futuro em seu passado”[i].  Quem se encontra nessa posição deixou de aprender e se inventar a tempo, tiveram a chance e desperdiçaram-na. Atenção, mesmo nesses casos é possível dar a volta por cima. É mais difícil, em alguns casos exige literalmente começar de novo, mas depende sobretudo de ter o modelo mental propício a aprender com o erro.

A combinação de talento e esforço é o caminho do sucesso. Para representar graficamente, uma ideia seria como a abaixo:

O caminho do sucesso

Quanto mais expandir sua curva de combinação entre esforço e talento[ii], mais bem-sucedido será. Resta entender que talento não é algo nato, e sim mais algo como esforço passado (estoque e trajetória). Dois exemplos do mundo esportivo em que torna isso mais claro:

  • O filme Voando Alto mostra a história do atleta inglês que sonhava em disputar olimpíadas e realizou seu sonho nos jogos de inverno de salto de esqui em altura. É um caso de pouco talento e muito esforço: diferente da criança na Noruega que “nasce esquiando”, o inglês teve primeiro contato com o esporte super tardio, e não se trata de algo natural para ele (se nesse ponto está querendo defender que talento é algo predeterminado: cuidado, você pode estar se deixando vencer pelo modelo mental fixo). A combinação gerou um profissional bem-sucedido, um caso de sucesso pessoal;
  • Um caso mais contundente é do fenômeno Phelps. E aqui se você já está pensando que ele tem o dom, é abençoado e nasceu assim, leia a história dele, e veja o quanto de esforço ele dedicou (e o talento nesse sentido é reflexo de um esforço estocado por muitos anos de grande dedicação). Quem gosta veja a história na ótica do treinador de Phelps e entenda como o fenômeno é parte de um esforço maior de uma equipe, bem como de ter o modelo mental de superar adversidades.

No dia a dia profissional as competições são menos claras. Pela maior complexidade é difícil fazer comparações objetivas entre uma empresa e outra ou entre um profissional e outro. As comparações são possíveis e desejáveis, mas não são triviais pelo volume de variáveis que determinam o resultado. Independentemente de ter a métrica do sucesso, a maior validade de entender como o jogo se dá é travar a competição com você mesmo: ser melhor que seu passado.

A frase, que li creditada ao treinador da seleção brasileira feminina de vôlei, Roberto Guimarães, “A vitória é um detalhe. A preparação é tudo” não poderia simbolizar de modo melhor o que temos de praticar nos nossos desafios diários como profissionais, seja do esporte ou não, estar preparados, trabalhar o modelo mental como uma rotina de musculação.

[i] Livro “De zero a um”, página 43

[ii] A forma como se dá a combinação é nada teórica, apenas uma ilustração gráfica. Ou seja, se a curva é mais ou menos curva dependerá da relação da taxa de troca entre as duas variáveis, que não foram medidas nem são alvo da presente reflexão.

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