Trabalho: escolha ou necessidade?

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Trabalho: escolha ou necessidade?

Como gestor você possui vários momentos solitários. Aquelas angústias sobre estar no caminho certo. Por mais que converse muito com sua equipe e pessoas de fora, os momentos solitários fazem parte. As escolhas e estratégias, no limite são suas.

Certa vez uma pessoa me perguntou: “Você acha que as pessoas trabalham aqui porque querem ou porque precisam?”. A resposta importa menos do que o sentimento nesse caso. Se você acredita que está cercado de pessoas que precisam do trabalho e por isso estão ali, sinal de alerta.

A pergunta em si é um falso dilema. Trabalho faz parte da vida. A maioria esmagadora da população precisa trabalhar, pois vive da renda derivado desse esforço remunerado. Assim essa escolha do ponto de vista racional não é trabalhar ou não trabalhar, é escolher onde trabalhar. Escolher com o quê trabalhar, e eis que tal escolha é a essência da motivação e de grande valor seja para o trabalhador, seja para o gestor.

Em tempos de crise como o atual, o dilema fica ainda pior, pois o mercado de trabalho é mais difícil para todos. As pessoas acabam tendo menos opções e isso tem alto risco para a felicidade delas e consequências ruins para as empresas que trabalham (porque precisam).

Ter na equipe uma pessoa que está verdadeiramente comprometida é um grande atributo. Quando a pessoa escolhe aceitar o desafio e quer estar ali, esse atributo do comprometimento está mais presente. E faz diferença. Quem escolhe se sente no controle, assume responsabilidade. Vira parte da solução.

Por outro lado, a ausência de resultados decorre exatamente de indivíduos que não “querem” estar onde estão. Em muitas circunstâncias podem se colocar como vítimas ou reféns da situação. Nessa perspectiva, os resultados não vêm por motivos externos: tudo é culpa dos outros.

Para o gestor, o desafio é evitar a postura de vitimização com sua equipe. O melhor remédio é nem deixá-la chegar. Mas nem sempre é possível evitar, e uma vez identificado esse risco, é necessário agir. Como criar engajamento, compromisso e inserir sua equipe como responsável por achar as soluções e se responsabilizar pelos resultados?  O livro O Princípio de OZ ilumina bem esse debate e ajuda no encaminhamento dessa difícil missão.

Voltando ao momento de solidão do gestor. Entenda que a construção da equipe é ponto chave, e tudo começa na seleção. A Zappos[i]  implantou uma prática interessante para identificar profissionais que querem mais do que pessoas que precisam do trabalho: o candidato recebia uma proposta financeira para não aceitar a vaga.

Imagina que você precisa do trabalho, se esforça para participar do processo seletivo, mas no fundo sabe que não é aquilo que você mais quer. Aquilo não te encantou tanto. Mas você precisa da grana. Eis que ao final do processo o gestor da seleção vira para você, oferece  dois salários para que você não aceite a vaga! Bem, aquele valor resolve sua vida para ter tempo de dedicar ao que verdadeiramente te move. E evita que a empresa gaste energia para treinar e envolver uma pessoa que vai estar ali de olho em outras oportunidades.

A cultura da empresa pode se envenenar com incentivos errados derivados de pessoas que “trabalham porque precisam”.

O “sentimento de dono” tão desejado por qualquer gestor se relaciona diretamente com essa escolha do trabalho (clique aqui e confira uma coluna bem aderente a essa reflexão).

Ter o engajamento da equipe é desafio contínuo. A principal resposta começa pela do próprio gestor: você acredita no seu trabalho? Sua resposta irá conduzir sua atitude e suas escolhas.

E você, já se respondeu com honestidade à pergunta: trabalha porque quer ou porque precisa?

[i] Clique aqui e confira o livro que contém esse case.

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